Como parar de procrastinar e ser mais produtivo.
Todos conhecemos o provérbio “não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”. Mas poucas pessoas cumprem o conselho à risca…
Este problema é-nos de tal modo familiar, que até o próprio António Variações nos avisou que “é p'ra amanhã, bem podias fazer hoje… porque amanhã sei que voltas a adiar.”
Faz parte da forma como muitos de nós trabalhamos ou, lá está, como não trabalhamos. Mas alguma vez se questionou o que é procrastinar e por que motivo isto lhe acontece?
Segundo Rachel Kerbauy, procrastinar é o ato de adiar tarefas, de transferir atividades para “o dia seguinte”, de deixar de fazer algo ou até de interromper o que deveria ser concluído dentro de um determinado prazo. Ou seja, procrastinar é deixar assuntos importantes para depois e colocar outras atividades menos urgentes à frente dessas.
Esta ação, ou falta dela, teve os seus primeiros destaques em 800 a.C., quando o poeta grego Hesíodo disse que não se deve “deixar o trabalho para amanhã e depois de amanhã”. Mas até aos dias de hoje continuamos a ser vítimas deste problema… Porquê?
Porque é que procrastinamos?
Para um comportamento ser considerado como um ato de procrastinação, ele deve ser contraprodutivo, desnecessário e gerar atraso em coisas mais importantes. Sendo geralmente associado ao desconforto momentâneo ou posterior a essa ação.
É comum pensar que fazer tarefas à última tem a ver com problemas de gestão de tempo, preguiça ou falta de autocontrolo. Isto quando, na verdade, procrastinar tem a sua origem nas nossas emoções.
Tudo parte de um medo irracional de ser incapaz de realizar uma tarefa. Uma falta de confiança e receio que a tarefa pode provocar. O que acontece no cérebro quando se procrastina é uma luta para evitar sensações negativas.
Estes sentimentos levam a que muita gente se desmotive. As pessoas perdem o interesse, ficam indispostas e não conseguem terminar algo por acharem que nunca vai estar suficientemente bom. Nesse caso, entram numa espiral de pensamentos negativos e a única solução acaba por ser procrastinar.
Como vencer a procrastinação
Para vencer a procrastinação há duas coisas que pode começar por fazer.
A primeira é uma análise custo-benefício que lhe permita identificar melhor o problema. Nesta análise deverá começar por listar as vantagens de adiar a tarefa em questão. Por exemplo: é mais fácil; é mais relaxante; ajuda-o a tirar a cabeça do problema; é mais interessante; não o obriga a enfrentar a possibilidade de falhar, etc.
Depois, deve pensar nas desvantagens de adiar essa tarefa. Por exemplo: vai sentir-se culpado; não terá a sensação de dever cumprido; sentirá uma falta de crescimento pessoal; vai perder um momento de aprendizagem; terá mais uma tarefa a empatar; etc.
Ao pesar vantagens e desvantagens de adiar a tarefa, está pronto para responder à derradeira questão: qual das duas decisões lhe vai trazer mais benefícios?
Para chegar a essa conclusão pode atribuir pontos a cada vantagem/desvantagem e somá-los para ajudar a ser mais visual e direto, concedendo a cada um dos itens das duas listas pontos de 0 a 5. Some cada uma das listas e veja qual é a que tem mais pontos, isto é, a que lhe traz mais benefícios para a sua vida.
Depois disso:
- faça o mesmo com as vantagens e desvantagens de começar já hoje;
- compare as vantagens e desvantagens de procrastinar com as vantagens e desvantagens de começar já hoje.
Usar a dicotomia custo/benefício é algo que nos faz ponderar sobre as diferentes situações e deixar a tendência de ver sempre e apenas os aspetos negativos de um determinado problema.
A segunda forma de atacar o problema é quebrando a inércia.
Imagine um comboio a partir da estação. O primeiro impulso é o que consome mais energia. Manter o comboio em andamento é muito mais fácil.
Por isso, pegue nessa lição e comece simplesmente a fazer qualquer coisa, por exemplo:
- abra um documento no computador e guarde-o com o nome do trabalho;
- comece por escrever a lista de pontos que quer abordar;
- escreva uma primeira frase;
- comece a resolver um primeiro exercício;
- ou qualquer outra coisa… O importante é começar por algum lado!
Uma vez que o seu comboio já arrancou, apenas tem de fazer um pouco de cada vez. Divida o trabalho em partes e concentre-se numa parte em cada momento. Pode dividir o trabalho por etapas ou trabalhar 15 minutos ou meia hora de cada vez.
Um pequeno truque para não dispersar muito nas pausas é deixar um exercício ou uma frase a meio. Assim vai ter a tendência de voltar para acabar o raciocínio.
Ao tornar as tarefas mais curtas e fáceis, irá tirar da cabeça parte da pressão e das consequências negativas. Além disso, ao estabelecer pequenos desafios, existe uma sensação de dever cumprido mais frequente e uma vontade cada vez maior de continuar a resolvê-los.
Acima de tudo, o mais importante é perceber o que está a acontecer. Aprender a conhecer-se melhor e procurar sempre fazer mais, tornando a sua vida mais leve e mais feliz.
Porque muitas vezes, são apenas necessários pequenos passos para se conquistar uma felicidade que passa, essencialmente, por viver em paz e equilíbrio conosco e com os outros.