Escolas mais inclusivas: como posso integrar alunos com necessidades especiais em sala de aula?

A integração de alunos com necessidades especiais em turmas de ensino regular constitui um grande desafio para as escolas. Desde falta de recursos a pouca formação por parte dos docentes, os obstáculos são inúmeros na construção de um ensino que devia estar ao alcance de todos.

Para muitos alunos de educação especial, o dia a dia entre a comunidade escolar converte-se numa luta constante, conduzindo a fenómenos de exclusão e isolamento. Para outros, a sensibilização contribui para uma rotina feliz, onde a escola traz a alegria da superação.

Em paralelo com o trabalho realizado nas unidades de educação especial, integrar estes jovens em salas de aula converte-se num processo tão complexo quanto recompensador. Que cuidados é preciso ter? Que benefícios é que os alunos de educação especial podem trazer às turmas? Manuela Dias, professora de educação especial, garante que o segredo está no esforço conjunto de alunos e professores, os maiores agentes na aceitação da diferença.

“É um trabalho colaborativo diário, que envolve muita planificação com os respetivos apoios terapêuticos e monitorização da aprendizagem dos alunos”, afirma.

 

Missão dos professores

Apesar de existir o dever de colocar os alunos com necessidades especiais ao nível dos outros discentes, normalizando, assim, a sua presença, é inegável que estes devem beneficiar de apoio excecional para tirarem o máximo partido das aulas. O principal objetivo é que “todas as suas prioridades sejam percetíveis”.

“Devem ficar o mais próximo possível do professor para que as suas necessidades sejam mais facilmente atendíveis, para que ouça melhor, esteja mais atento, mais focado nas aprendizagens”, reforça.

O poder está nas mãos dos professores, que podem ajudar a mitigar as principais dificuldades com que estes alunos se deparam. Em escolas com poucos recursos, os docentes devem ter um papel ainda mais ativo na promoção da “inclusão com os pares, ultrapassagem de barreiras físicas, redução de número de alunos por turma, a adaptação de estruturas na sala de aula e recursos humanos adicionais”.

No fundo, o acompanhamento de alunos com necessidades especiais acaba sempre por transcender a sala de aula. O trabalho do professor deve ser articulado não só com profissionais especializados na área, como assistentes operacionais, terapeutas, professores de educação especial e psicólogos, mas também em conjunto com os pais, numa matriz de “trabalho contínuo e sistemático”.

“Há que reconhecer que os pais são quem melhor conhece o aluno, definindo estratégias de apoio à família, dando e recebendo feedback continuo”, afirma Manuela Dias.

 

Uma mão amiga

Os alunos com necessidades especiais podem ser, muitas vezes, encarados como um elemento que traz mais trabalho à sala de aula. Pelo contrário, a sua integração apresenta inúmeras mais-valias para os jovens de ensino regular, educando-os para abraçar a diversidade.

“No futuro, os alunos que contactam com a realidade da educação especial serão com certeza cidadãos informados, sensíveis à diferença, dando o seu contributo para uma sociedade mais inclusiva”, garante a professora.

Ainda assim, a aceitação do diferente pelos pares pode não ser feita de forma automática, tornando o bullying num fenómeno prevalente entre alunos de educação especial. Conversar sobre estes temas “através de sessões de esclarecimento aos alunos para a promoção da interajuda dos pares, envolvendo os psicólogos, saúde escolar e de toda a comunidade escolar” transforma-se na chave da normalização.

Com crianças e jovens mais informados, as amizades começam a germinar. Além de deixar que o contacto entre alunos seja feito de forma orgânica, promover atividades de entreajuda é muito importante para os discentes se sentirem reconhecidos. Estratégias como “educação musical, educação física focada na psicomotricidade e expressão plástica em pequeno grupo” aliam a diversão à empatia por quem aprende de forma diferente.

 

Pensar no futuro

Embora o caminho a percorrer seja longo, Manuela Dias mantém-se otimista com os esforços que têm sido feitos para tornar o ambiente escolar num espaço seguro para a educação especial.

“O Ministério da Educação tem vindo a promover a inclusão de todos os alunos na sala de aula. Há decretos de lei que estabelecem princípios e normas que garantem a inclusão, aumentando a participação dos alunos nos processos de aprendizagem e na vida da comunidade educativa”, recorda.

O reconhecimento por parte dos professores da importância da atualização de conhecimentos ao longo do tempo é também um fator crucial. Estes têm vindo a acompanhar a evolução da pedagogia na área da educação especial e em muitas outras vertentes.

“Os docentes das turmas têm acesso a formação específica através de centros de formação, encontrando-se atualmente mais preparados. As ações de formação não são obrigatórias, mas a sua frequência tem vindo a aumentar, acompanhado o crescimento das necessidades educativas especiais”, conclui a professora.

A luta por um ensino de educação especial que dê confiança aos alunos para se tornarem mais autónomos no quotidiano é coletiva. Enquanto espelho do mundo real, a escola deve ser um lugar para todos. E, para todos terem lugar, até o mais ínfimo dos esforços conta.

 

Por: Estrelas&Ouriços

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